quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

             No Brasil, 11,4% dos casos diagnosticados entre 1980 e 2006 foram em jovens de 13 a 24 anos. A vulnerabilidade na adolescência, com relação à sexualidade, é confirmada quando se percebe que os casos de Aids aumentam nesta fase, também, destacando a questão de gênero, atrelada a esse contexto. Atualmente, adolescentes e jovens afirmam a importância do uso da camisinha e que a mesma está sempre no bolso. Mas porque é tão crescente o número de jovens contaminados? Ter a camisinha no bolso é um mero símbolo de virilidade ou uma preocupação com a saúde reprodutiva e sexual? É certo que alguns, mesmo com informações e conhecimentos, assumem uma atitude de risco com relação a sua vida sexual, o que leva à reflexão sobre outros aspectos, como por exemplo, a necessidade de afirmação perante o grupo de pares e a sociedade referente à masculinidade ideal, neste sentido, o uso da camisinha pode torna-se um detalhe menos importante.
             A construção sócio–cultural, na qual os papéis dos gêneros são estabelecidos, é exigido dos homens um comportamento sexual ativo como sinônimo de virilidade, ser conhecedor do sexo e do corpo, enquanto que as mulheres devem demonstrar passividade sexual, fragilidade. Não associam o sexo com doenças (DST/Aids), fatores que poderiam impulsionar comportamentos de prevenção e auto cuidado. Mas a busca da oportunidade de fazer sexo, a falta de reflexão sobre as consequências dos atos e a pouca preocupação no uso da camisinha, torna a juventude mais vulnerável às DST.
            Atualmente, o termo vulnerabilidade é utilizado, com muita frequência, no campo da saúde e especificamente pela prevenção, no sentido de obter informações para avaliar objetivamente as diferentes possibilidades que cada pessoa ou cada grupo específico tem de se proteger ou de se infectar. Pensando, por exemplo, nos/as adolescentes e jovens, é possível perceber que esta faixa etária é extremamente vulnerável: pelas características próprias de idade; pela inexperiência que tem em lidar com seus próprios sentimentos e com os dos/as parceiros/as; pela falta de informação que tem sobre as formas de transmissão e de prevenção, tanto da Aids quanto das outras doenças sexualmente transmissíveis; por não deter determinadas habilidades, tais como: tomada de decisões, assertividade, comunicação, negociação etc.
            Existem aspectos em nossa cultura que acabam funcionando como uma barreira à prevenção e ao auto cuidado, como exemplo: nem todos/as os/as jovens têm acesso à informação e a serviços de saúde; a distribuição de preservativos é insuficiente, o número de programas de prevenção e de atendimento a adolescentes vitimas de violência ainda é muito pequeno. Esta é a vulnerabilidade social e institucional.
            No entanto, se, de um lado, as pessoas devem evitar uma gravidez, caso não queiram ser pais ou mães ou, ainda, se prevenir para não pegar alguma DST/HIV/AIDS, de outro é preciso, também, exercitar a solidariedade em relação àquelas pessoas que vivem qualquer uma dessas situações. Por solidariedade, entendemos uma atitude de apoio, proteção e de cuidado em relação às pessoas com quem convivemos. Nada tem a ver com pena, dó ou compaixão; porque é recíproca. É algo sentido e praticado de igual para igual.
            Os índices do Boletim Epidemiológico de Aids evidenciam que, a partir do ano de 2000, houve uma inversão na incidência de casos de Aids na faixa etária de 13 a 19 anos, com um aumento de casos entre adolescentes, principalmente do sexo feminino que se dá pelo que já foi citado acima, a fragilidade e passividade que as mulheres devem demonstrar.
           O serviço de saúde com a falta de atenção dos médicos, o número reduzido de funcionários, o atendimento inadequado e o tempo de espera para receber uma consulta, são excludentes para o acesso aos serviços. Mas o que fazer para contribuir com a prevenção de DST/Aids entre adolescentes e jovens?
Investir em recursos que ajudem os/as jovens a exporem suas subjetividades, a situá-los como atores sociais, possibilitando que atuem enquanto agentes de transformação da realidade.
Por isso a importância de discutirmos sobre o assunto em espaços de educação e grupos juvenis. 

 
Coordenação Nacional de DST e Aids - Brasil. Coordenador Paulo Roberto Teixeira. Divulgado em 29 de
novembro de 2002. Extraído do site www.aids.gov.br/imprensa/notícias.
http://www.aids.gov.br/final/imprensa1/boletim_2002.htm (visitada em 14 de março de 2003
Aires, J. R de C. M. O Jovem Que Buscamos e o Encontro Que Queremos Ser: A Vulnerabilidade Como
Eixo de Avaliação de Ações Preventivas do Abuso de Drogas, DST e AIDS Entre Crianças e Adolescentes,
1998. Extraído do site http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_29_p015-024_c.pdf. (visitado em 14 de
março de 2003)

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